domingo, 27 de fevereiro de 2011
a vida só vale a vida!
A vida
teima em ser
mais curta
e menos útil
Ávida
inventa
mil atalhos
provocando fugas
Ávida
não se engana
(não se engane!)
a vida só vale a vida
scarabuss
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coisas simples
truth--hurts
deviantART
.......................................................................O Sol gira e movem-se as sombras
...........................................................................................das coisas invisíveis
.....................................................................................................Tonino Guerra
...........................................................................................das coisas invisíveis
.....................................................................................................Tonino Guerra
Sobre a ponte, observas
[desconheço] o que vai para além
o tamanho impensável das flores
Existimos de forma concisa
hoje, crescem em mim coisas simples:
Não te espantas com as uvas ainda
aguardo os dias
sábado, 26 de fevereiro de 2011
contigo aprendi
© Donato Buccella
Contigo aprendi
Que não é bastante o gesto nem a ação
Que o amor não basta
Nem a inteligência
Ou o sussurro exato
Ainda mais
Que a ternura
Em certos casos fica sobrando
Contigo aprendi
Que o corpo
A carne
O sexo
Não tem muito a haver
Com fazer o amor
E seguir vibrando
Aprendi
Que unir-se contigo
È voltar a brigar comigo
comigo
Para chegar a ti
Pela extremidade dos poros dos lábios e dos dedos
Ao beber e ao cantar
Ao ver uma árvore que cresce e uma amapola que morre
no ciclo normal,
Este que, de alguma maneira, por sermos humanos nós perdemos.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
atento a...
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
ao despertar
onde as palvras não chegam
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
tremendo ante a flor que se abre ao mundo
t0x1c d0lly
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Esta paixão secreta que nos move
a decifrar os símbolos, os sonhos,
para cifrar com eles as certezas,
é paixão na verdade ou é a quimera
de urdir alguns versos com a trama
do amor, da dor e da beleza?
Tremendo ante a flor que se abre ao mundo;
estático ante o beijo ou o olhar
que se esbanja com os virgens amantes
ou soluçando sobre o frágil peito
dos desamparados,
minha própria voz responde,
malbaratando o verbo que se volta
–para meu coração desguarnecido–
canção da formosura,
flecha do amor,
amparo na tormenta.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
na vertigem do dia
o espelho
ser e ritmo
a vita
Talvez seja só um ballet
perante alguém que nos olha
com afecto, a vida. Um passo de dança
antes de anoitecer, como o que vejo
sem ser visto pela janela do piso térreo
ao regressar de uma volta pelo campo:
olho e és tu a ensaiar a função
de vestido comprido diante da tua mãe.
Dança dança, não te enganes no pé
dança como a folha que não cede
ao vento, dança ao de leve.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
de quem deseja mais
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
algo de lindo nasce das minhas mãos
soulshivers
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A minha maneira de amar-te é simples:
aperto-te a mim
como se tivesse um pouco de justiça no coração
e ta pudesse dar com o corpo
Quando te revolvo os cabelos
algo de lindo nasce das minhas mãos
E não sei quase mais nada. Aspiro apenas
a estar contigo em paz e a estar em paz
com um dever desconhecido
que às vezes me pesa também no coração
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
humano demasiado humano
petitescargot
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Dizer humano é dizer grandeza,
e aceitar a pequenez,
é sacrifício, e é recompensa,
para gemer, rir e esperar...
Dizer humano é dizer dúvidas,
desejos e nudez.
Dizer humano é dizer a vida,
é morrer e renascer...
Dizer humano é dizer grave,
E assumir a leveza,
perseverança, esquecimento e queixa,
e sempre estar para chegar...
Dizer humano é dizer penas,
Tristeza e solidão,
desesperança, nostalgia e brincadeiras,
Chorar, gritar e beijar...
Dizer humano é dizer mãe,
ternura e sensibilidade,
é dizer terra, dizer pai,
e é dizer orfandade...
Dizer humano é dizer amigos,
lealdade e compreensão,
dizer traições e desencantos,
e não perder a ilusão...
Dizer humano é dizer filho,
é é dizer esterilidade,
é dizer morte, é dizer a vida,
e é dizer começar...
Dizer humano é dizer podridão
e também divindade;
carne, mordida pelo injustiça,
para trabalhar e confiar...
Dizer humano é dizer noites,
paixões, ódios e amor,
é dizer o dia, a fé e a esperança,
e é saber renunciar...
Dizer humano é dizer morno
e uma pele ao lado de uma outra pele,
sentir-se forte, fraco e amado
e também capaz de amar...
Dizer humano é dizer livre
e é também escravidão,
valor e luta, renúncia e duelo,
ter sempre que escolher...
Somente tu, hoje, igual a mim,
Encarnas este dizer.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
sábado, 12 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
onde se vê mais longe
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
vem...
NorthernBanshee
DeviantART
Vem, que eu quero te mostrar o papel cheio de rosas nas paredes do meu novo quarto, no último andar, de onde se pode ver pela pequena janela a torre de uma igreja. Quero te conduzir pela mão pelas escadas dos quatro andares com uma vela roxa iluminando o caminho para te mostrar as plumas roubadas no vaso de cerâmica, até abrir a janela para que entre o vento frio e sempre um pouco sujo desta cidade. Vem, para subirmos no telhado e, lá do alto, nosso olhar consiga ultrapassar a torre da igreja para encontrar os horizontes que nunca se vêem, nesta cidade onde estamos presos e livres, soltos e amarrados. Quero controlar nervoso o relógio, mil vezes por minuto, antes de ouvir o ranger dos teus sapatos amarelos sobre a madeira dos degraus e então levantar brusco para abrir a porta, construindo no rosto um ar natural e vagamente ocupado, como se tivesse sido interrompido em meio a qualquer coisa não muito importante, mas que você me sentisse um pouco distante e tivesse pressa em me chamar outra vez para perto, para baixo ou para cima, não sei, e então você ensaiasse um gesto feito um toque para chegar mais perto, um pouco mais perto, apenas para chegar mais perto de mim. Então quero que você venha para deitar comigo no meu quarto novo, para ver minha paisagem além da janela, que agora é outra, quero inaugurar meu novo estar-dentro-de-mim ao teu lado, aqui, sob este teto curvo e quebrado, entre estas paredes cobertas de guirlandas de rosas desbotadas. Vem para que eu possa acender incenso do Nepal, velas da Suécia na beirada da janela, fechar charos de haxixe marroquino, abrir armários, mostrar fotografias, contar dos meus muitos ou poucos passados, futuros possíveis ou presentes impossíveis, dos meus muitos ou nenhuns eus. Vem para que eu possa recuperar sorrisos, pintar teu olho escuro com kol, salpicar tua cara com purpurina dourada, rezar, gritar, cantar, fazer qualquer coisa, desde que você venha, para que meu coração não permaneça esse poço frio sem lua refletida. Porque nada mais sou além de chamar você agora, porque tenho medo e estou sozinho, porque não tenho medo e não estou sozinho, porque não, porque sim, vem e me leva outra vez para aquele país distante onde as coisas eram tão reais e um pouco assustadoras dentro da sua ameaça constante, mas onde existe um verde imaginado, encantado, perdido. Vem, então, e me leva de volta para o lado de lá do oceano de onde viemos os dois.
Vem vento, varre
petitescargot
deviantART
Vem vento, varre
sonhos e mortos.
Vem vento, varre
medos e culpas.
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante
paz e sossego,
leva contigo
nocturnas preces,
presságios fúnebres,
pávidos rostos
só covardia.
Que fique apenas
erecto e duro
o tronco estreme
de raiz funda.
Leva a doçura,
se for preciso:
ao canto fundo
basta o que basta.
Vem vento, varre!
e solto uma certeza
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
domingo, 6 de fevereiro de 2011
leva-me ao teu seio
scarabuss
deviantART
Se vejo o meu ser compelido — gemo.
E oro a um deus de coragem e destino.
A terra oferece-me o que quero — o seu corpo,
os seus rios, e tenho de encerrar o meu destino,
aquele destino, empurrar o braço no gesto que o alcance, dizê-lo.
Rainha do céu, minha terra em ti me contenho,
tu limitas-me, és um mundo,
esfera que brilha no rosário, semente de consolação.
Não me alonges, leva-me (chega-me) ao teu seio,
deixa, deixa contaminar-te do meu suor,
queria renegar mas volto de novo a habitar-te.
E oro a um deus de coragem e destino.
A terra oferece-me o que quero — o seu corpo,
os seus rios, e tenho de encerrar o meu destino,
aquele destino, empurrar o braço no gesto que o alcance, dizê-lo.
Rainha do céu, minha terra em ti me contenho,
tu limitas-me, és um mundo,
esfera que brilha no rosário, semente de consolação.
Não me alonges, leva-me (chega-me) ao teu seio,
deixa, deixa contaminar-te do meu suor,
queria renegar mas volto de novo a habitar-te.
sou a que sempre fui...
sábado, 5 de fevereiro de 2011
tulipas
TashNatash
DeviantART
Quando vem a taciturna e poda as tulipas:
Quem sai ganhando?
..................Quem perde?
............................Quem aparece na janela?
Quem diz primeiro o nome dela?
É alguém que carrega meus cabelos.
Carrega-os como quem carrega mortos nos braços.
Carrega-os como o céu carregou meus cabelos no ano em
..............................................................................[que amei.
Carrega-os assim por vaidade.
E ganha.
..........E não perde.
..........................E não aparece na janela.
E não diz o nome dela.
É alguém que tem meus olhos.
Tem-nos desde quando portas se fecham.
Carrega-os no dedo, como anéis.
Carrega-os como cacos de desejo e safira:
era já meu irmão no outono;
conta já os dias e noites.
E ganha.
..........E não perde.
..........................E não aparece na janela.
E diz por último o nome dela.
É alguém que tem o que eu disse.
Carrega-o debaixo do braço como um embrulho.
Carrega-o como o relógio a sua pior hora.
Carrega-o de limiar a limiar, não o joga fora.
E não ganha.
.................E perde.
..........................E aparece na janela.
E diz primeiro o nome dela.
E é podado com as tulipas.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
a rosa do tempo
EiMoOo
DeviantART
Quando o vigia dorme
você volta com a tempestade
envelhecer concorde é
a rosa do tempo
quando as rotas dos pássaros definem o céu
você olha para trás, para o pôr do sol
emergir apagando-se é
a rosa do tempo
quando a faca adquire na água a forma curva
você cruza a ponte, pisando em canções de flauta
gritar na conspiração é
a rosa do tempo
quando a caneta desenha o horizonte
você é desperto por um gongo do Este
florescer em ecos é
a rosa do tempo
no espelho há sempre este momento
e ele conduz para a porta do reanimar-se
a porta abre-se para o mar
a rosa do tempo
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
uma hora e mais outra
Grethchen
DeviantART
Há uma hora triste
que tu não conheces.
Não é a da tarde
quando se diria
baixar meio grama
na dura balança;
não é a da noite
em que já sem luz
a cabeça cobres
com frio lençol
antecipando outro
mais gelado pano;
e também não é a
do nascer do sol
enquanto enfastiado
assistes ao dia
perseverar no câncer,
no pó, no costume,
no mal dividido
trabalho de muitos;
não a da comida
hora mais grotesca
em que dente de ouro
mastiga pedaços
de besta caçada;
nem a da conversa
com indiferentes
ou com burros de óculos,
gelatina humana,
vontades corruptas,
palavras sem fogo,
lixo tão burguês,
lesmas de blackout
fugindo à verdade
como de um incêndio;
não a do cinema
hora vagabunda
onde se compensa,
rosa em tecnicólor,
a falta de amor,
a falta de amor,
A FALTA DE AMOR;
nem essa hora flácida
após o desgaste
do corpo entrançado
em outro, tristeza
de ser exaurido
e peito deserto;
nem a pobre hora da evacuação:
um pouco de ti
desce pelos canos,
oh! adulterado,
assim decomposto,
tanto te repugna,
recusas olhá-lo:
é o pior de ti?
Torna-se a matéria
nobre ou vil conforme
se retém ou passa?
Pois hora mais triste
ainda se a figura;
ei-la, a hora pequena
que desprevenido
te colhe sozinho
ou na rua ou no catre
em qualquer república;
já não te revoltas
e nem te lamentas,
tampouco procuras
solução benigna
de cristo ou arsênico,
sem nenhum apoio
no chão ou no espaço,
roídos os livros,
cortadas as pontes,
furados os olhos,
a língua enrolada,
os dedos sem tato,
a mente sem ordem,
sem qualquer motivo
de qualquer ação,
tu vives: apenas,
sem saber por quê,
como, para quê,
tu vives: cadáver,
malogro, tu vives,
rotina, tu vives
tu vives, mas triste
duma tal tristeza
tão sem água ou carne,
tão ausente, vago,
que pegar quisera
na mão e dizer-te:
Amigo, não sabes
que existe amanhã?
Então um sorriso
nascera no fundo
de tua miséria
e te destinara
a melhor sentido.
Exato, amanhã
será outro dia.
Para ele viajas.
Vamos para ele.
Venceste o desgosto,
calcaste o indivíduo,
já teu passo avança
em terra diversa.
Teu passo, outros passos
ao lado do teu.
O pisar de botas,
outros nem calçados,
mas todos pisando,
pés no barro, pés
n'água, na folhagem.
Pés que marcham muitos,
alguns se desviam,
mas tudo é caminho.
Tantos: grossos, brancos,
negros, rubros pés,
tortos ou lanhados,
fracos, retumbantes,
gravam no chão mole
marcas para sempre:
pois a hora mais bela
surge da mais triste.
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